segunda-feira, novembro 06, 2006

Previsto o fim do Horário de verão, devido a procedimentos de rotina no governo.

Domingo, final de feriado. Ainda não descartando algum ato conspiratório universal contra a minha pessoa, provavelmente devido à forte confusão mental que me abalava naquele momento, começo a conjecturar sobre o lapso temporal no qual me encontrava.
Que absurdo! Uma hora havia sumido. A primeira reação foi me autoquestionar: O que estava fazendo durante esta hora?
Não me lembrava...
Fiquei mais aliviado quando me recordei de um dos grandes aforismos da civilização ocidental, que prega: “Se eu não lembro, é porque eu não fiz.”
Assim, já devidamente confortado por esta velha máxima popular, me veio à tona o real motivo deste rompimento da ordem natural na contagem de tempo:
A causa de tanta angústia era apenas o Horário de Verão!
Mesmo com uma certa aversão à luz e todas aquelas dores de cabeça, já tantas vezes vividas no árduo despertar dos domingos (não necessariamente no período matutino), estava assim, muito mais consolado.
Afinal, já conhecia todo o procedimento. Isso já acontece há mais de meio de século, sempre com o mesmo propósito: Economizar a tal da energia elétrica.
Fora certas dificuldades na adequação do relógio biológico, e outras tantas frescuras à parte, agora estaria tudo bem, certo?
É aí que você se engana, meu caro camarada!
Nestes tempos modernos, em que urubu não desce mais a Terra com medo de virar galeto, e que policial não anda mais fardado com medo de ser grampeado, fica a dúvida: Quem garante que receberei esta hora de volta em Fevereiro?
Visto que tanto o despautério quanto a maracutaia viraram condutas muito tradicionais em nosso país, não guardo esperanças em ter minha hora de volta.
E já tentando evitar decepções vindouras, recomendo a você esquecer o assunto também.
Já estou até vendo o pessoal da repartição pública explicando a situação para o contribuinte:
Assinou um recibo, pelo menos? Não assinou, é? Bom... Então não vou poder fazer nada...PRÓXIMO!
Agora vem você com essa cara de peixe morto, tentando se esquivar da situação, e me pergunta: Qual seria a vantagem para o governo em não devolver esta hora surrupiada? Quanto cada um leva nessa mamata?
Quanta inocência!
Vantagens... Regalias... Prerrogativas! Acabe com este seu pensamento mesquinho e antiquado! Nossa situação atual de excelência na arte do jabaculê transcende a tudo isso!! Roubar já virou procedimento de rotina. Praxe. Desta vez vai ser só de sacanagem mesmo.
Eu me desencanei e já decidi até como repor esta minha hora perdida: Uma hora a menos estudando. Quem sabe se não viro presidente?