sexta-feira, julho 13, 2007

Confete, do it. Confetti, s.m., pedacinho colorido de saudade.

Os tempos idos, nunca esquecidos, trazem saudades ao recordar; já diziam Carlos e Angenor. Para um cidadão “estatisticamente morto”, se analisados os riscos sofridos em tantas aventuras e desventuras desta vida desregrada, esta frase revela muito. Se não muito, o suficiente para profundas horas de reflexão, ensimesmando-se em lembranças recheadas de nostalgia, saudades e risadas. Mais risadas do que qualquer outra coisa.
Exemplos não faltam num passado de bebedeiras épicas, quase sempre seguidas de atos de imprudência, imperícia e negligência (não necessariamente um de cada vez, ou nesta ordem), que mais pareciam testes empíricos dos limites do fígado humano. Uma cerveja inocente depois duma prova, sem maiores dificuldades se transformava num clarear insistente no largo da desordem, numa costela ao som de “boate azul” pelos arredores da cruz, ou então numa festinha em volta da piscina acompanhada das mais infames moçoilas com muito amor pra dar (e vender).
Jogos jurídicos, ou viagens a congressos, seminários e palestras de conteúdo acadêmico: Meros engodos para disfarçar o principal objetivo: A apologia à insanidade e satisfação sincera pelas coisas mundanas. A receita era simples: Desprender-se de preceitos morais, legais e demais chateações, e deixar o mundo seguir sua ordem natural. Quase sempre se conseguia ótimos resultados, e vez ou outra ainda era possível lembrar de tudo no dia seguinte.
Ressacas mórbidas seguidas de crises existenciais inenarráveis? Inúmeras! Mas com o tempo aprende-se a conviver com elas, mesmo quando respirar causa enjôo e o único remédio apropriado pareça ser o suicídio.
Hoje, os mesmos jovens que outrora desafiaram as leis da natureza, que ensandecidos vagavam sob má companhia recíproca cuspindo impropérios e despropósitos, continuam os mesmos, porém com nova aparência: Agora são “velhos sujos”.
Velhos, porque os percalços da vida assim os deixaram, sem ao menos pedir licença. Uns mais, outros menos, pois como já disse Paulo, assim é o tempo: Um pássaro de natureza vaga.
Sujos, porque a sujeira sempre lhes apeteceu e ainda os impregna. A pureza e a inocência foram invariavelmente maculadas e deixadas em algum lugar do passado: Sabe-se que a sujeira é boa e está disponível em local certo, conhecido e quase sempre aconchegante.
Vive-se intensamente justamente porque é de conhecimento notório que viver mata com 100% de certeza. Se você tiver sorte, aos poucos...
Mas até que chegue o fim, aproveitemos tudo até a última gota. Para estes velhos imundos é tarde demais para alcançar a perfeição, e cedo demais para tentar o arrependimento.
Aos que não conhecem o mundo de Marlboro, fica a recomendação: Nunca é tarde para aprender o ofício da libertinagem. Porém, certas matérias ainda precisam ser lecionadas na presença dos mestres, e experimentalmente. E sabe-se que neste ramo abundam professores: Pois sempre haverá os que prefiram a cirrose ao tédio... Um dia, em meio à chuva de enxofre, nos encontraremos novamente e brindaremos em conjunto:
- Aos peitões!!

3 Comments:

Blogger Ollie Hautsch said...

Cara, tenho um ódio estomacal por você! Como é que você consegue falar sobre coisas tão banais como os bons e velhos porres que não voltam mais, usando um português praticamente impecável ('praticamente' pro exagero não ficar tão grande). Isso é muito injusto: Advogados tornam-se grandes autores de ficção (ou não), Letrados tornam-se jornalistas e Jornalistas tornam-se... bom, jornalistas tornam-se desempregados, mas é a vida... hehehe. Abraço guri!

1:01 AM  
Blogger Felipe "Tito" Belão said...

Cara, esse é um dos melhores textos que eu li em tempos.
de verdade...
eu queria poder dizer alguma coisa diferente, mas a crise existencial após um dia de libertinagem é retratada de maneira clássica e com todos os defeitos concernentes...

Temos que falar (e beber) sobre isso

abraço!

12:09 PM  
Blogger magal said...

Quando me perdia naquilo que pensava, usava certos métodos de purificação e investigação de problemas para que assim começasse a introduzir um tema de relevante valor moral e incisivo aos nossos dias. Assim começava um processo para àqueles que me conheciam, conhecessem também meu pensamento. Os momentos tratados no pergaminho confeccionado pelo Senhor, é o que na minha pobre e parca conceituação de momentos e/ou atribuição dos dias solenes e inesquecíveis: Dias de Luta.
A todas as frações de segundo que insistem em não sair de nossa pobre e prejudicada memória, nos remetendo sempre à situações épicas em que nossa encarnação valeu a pena, pelo menos pra nós, recheia-se um bocado de revestimentos introspectívos, e que teimosamente nos ocupam lugares do cérebro com o nome de nostalgia.
A versão dada a mais uma inesquecível aventura errante desses homens, tão munidos de profanidade, extrapola a mémória, chega em algum lugar que a nostalgia jamais ousaría chegar. Muito mais que belos estereotipos,consumos ou canecas. Discorrer sobre a áurea de um evento, é falar de alma, é falar de corações, é falar de sensações e principalmente, falar de pensamentos. Sob os olhos do criador, e aos mais seguros registros digitais desta algema moderna:Parabéns e é isso!

6:10 PM  

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