sexta-feira, abril 03, 2009

As frustrações de Nunes

Nunes era um cara peculiar.
Pela terceira vez na mesma semana flagrou-se parado observando-a com um olhar introspectivo, a poucos metros de distância.
Mal tinha coragem de chegar perto daquele jeito. Não entendia o porquê, mas apresentava um bloqueio psicológico gravíssimo.
Tentava relembrar memórias de infância que pudessem explicar a dificuldade, mas não lhe ocorria nada.
Pra piorar, ela ficava sempre ali, imóvel, limpinha e cheirosa, disponível a qualquer um, porém impassível aos sofrimentos dele.
Nunes tinha plena certeza que mesmo se fosse até lá não iria conseguir interagir, por medo ou insegurança. Ou por ambos. Era sempre assim.
E o sofrimento não era pouco: Sentia ondas de calor que vinham desde a ponta do pé até a nuca... Uma sensação indescritível.
Naquele momento teve vergonha de si mesmo e pensou até em procurar ajuda profissional, afinal o problema era definitivamente com ele. Elas certamente não tinham culpa de nada.
Aquela não era a primeira vez que aquilo acontecia, e a situação já começava a atrapalhar sua vida pessoal.
Enquanto permanecia parado ali, sem ação, começou a lembrar de todas as vezes que passou por situações semelhantes.
De todas as vezes que chegou até elas, mas não saiu nada. Sentia-se psicologicamente impotente. Um eterno frustrado, enfim.
Enquanto a observava ali, branca como a neve, desprotegida, completamente disponível e exalando um agradável cheiro cítrico, teve vontade de chorar.
Porém, subitamente a sensação se tornou mais forte. Nunes, já empalidecido, começou a suar frio.
Precisava sair dali rápido, ou as coisas piorariam de vez.
Não queria passar vergonha, ainda mais na frente dela. Seria ridículo.
Sem dizer qualquer coisa, correu apressadamente até o carro.
Não havia outra coisa a se fazer: Infelizmente, Nunes só conseguia cagar na privada de casa.
Era fiel a ela, e as outras não tinham a menor chance.

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8 Comments:

Blogger Marcos Rocha said...

Há que se ter um cú despudorado.

5:16 PM  
Anonymous maíra said...

Ilustríssimo.. é como sempre dizem.. ninguém manda no coração.. nem no intestino! Há certas pessoas que são fiéis.. em vários níveis..outras já fazem amizade com qualquer vaso público.. vai do jeito expansivo de cada um...vide comentário de Senhor Rocha... que aparentemente.. sofre de partes periféricas um tanto sociáveis..hahaha
Beijos!

9:13 AM  
Anonymous Mel said...

Cú tímido... hahahahahahahhah!

5:28 PM  
Anonymous Papai Urso said...

hahahaHAHAHAHAHAHhahahahahah!!!
Obrigado pela homenagem, e sem querer o senhor acertou, afinal(graças a Deus) meu ânus é tímido hahah!!!!

Alias, o senhor já deve ter retornado ao seu período laboral tradicional(caso contrário, me arranja uma vaga na tua empresa!) e novamente não organizamos aquele churrasco em homenagem à famosíssima Arte Barroca Iugoslava, mas um dia marcaremos!!!!

7:36 PM  
Anonymous Papai Urso said...

Este comentário foi removido por um administrador do blog.

7:37 PM  
Blogger Castor said...

Sr. Rocha:
Cuidado, cuidado.
Nestes assuntos, todo cuidado é pouco.
Depois não vá dizer que é apenas uma questão vetorial...
hehehehe
Abraço!

8:21 AM  
Blogger Castor said...

Benévola jovem Má:
Felizmente o meu é suficientemente desinibido.
Posso, triunfantemente clamar aos quatro cantos do mundo:
"Eu já caguei na balada!"
E também em tantos outros lugares. Mas, por ora, não convém alongar o assunto... :)
Beijos!


Querida Mel:
Este é o termo técnico.
hehehe
Beijos!


Desafortunado Nunes:
Não fique enfezado (hehehe), mas sugiro matriculá-lo (o seu) em um curso de oratória (ou genérico) a fim de fazê-lo vencer a timidez.
De qualquer forma, não convém ficarmos aqui falando dele (do seu, enfim), que não pega bem...
Abraço!

8:36 AM  
Blogger Jade said...

Igual ao meu filho!! Eu pegava ele na creche (isso, desde pequininho) e quando ele me via dizia: mamãe, quero fazer coco!! hehehehe!!

5:49 PM  

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