quarta-feira, agosto 22, 2007

Pré-ocupações, pós-ocupações e demais ocupações

Sem pressa para ir, e muito menos para chegar. Devagar se vai ao longe, e coisa e tal...
Acho que a pressa, o estresse e a afobação são para mim, fardos carregados num saco arrastado ao chão, que se esvai aos poucos ao longo do percurso.
Eventuais surtos agudos são ocasionados por terceiros, literalmente com o saco-cheio, ou por eventuais restos ainda contidos no meu saco.
Normalmente as preocupações reincidentes, depois de devidamente moldadas ao cotidiano, tornam-se mais brandas aos olhos de quem as sentem.
As urgências, emergências e demais situações críticas, perdem sua prioridade no exato momento que passam a ser rotineiras.
Afinal de contas, a principal condição para que uma coisa seja prioritária, por definição, é que esta coisa o deva ser em relação a qualquer outra coisa, que não a primeira coisa e necessariamente não prioritária em relação à mesma.
Embora tanto quanto prostituídos ultimamente, os conceitos de urgência, emergência e prioridade são assaz interessantes.
A primeira seria o que urge, ou mais especificamente o inadiável. A segunda seria o que emerge ou surge em destaque, e a terceira (e mais elegante) é a própria primazia disso para com aquilo.
Porém, paradoxalmente presume-se que se tudo (sendo tudo algo constante e freqüente, vulgo rotina) for inadiável, algo conseqüentemente haverá de ser adiado.
Analogamente, se algo surge, haverá de surgir dentre outros que ainda não surgiram, e ainda, se um tem a primazia de algo, automaticamente outros não poderão a ter.
Assim sendo, se tudo passa a ser urgente num mesmo instante, temos que toda e qualquer urgência automaticamente se finda, e nada mais parecerá realmente urgente: Quando tudo é urgente, nada é.
Extremamente lógico, porém também extremamente pertinente em tempos de surtos epidêmicos (isso existe?) de estresse. Há quem diga que o estresse nada mais é, do que a preocupação com a própria preocupação.
Visto que até mesmo os desocupados portam preocupações (preocupações sobre o que será exibido na sessão da tarde, ou sobre o que fará caso chova granizo e não seja possível se esgueirar na piscina térmica ao longo duma terça-feira, por exemplo), estressados são aqueles que se preocupam intensamente por estarem muito preocupados, e quando percebem o que acontece já se vêem mergulhados no mar da angústia e atormentadamente pré-ocupados pelos próximos 19 anos (arredondei pra baixo).
Mas assim é a vida. Ao inevitável nos cabe apenas lamentar (viu Suplicy? Podia ter falado isso...). O que não tem remédio, remediado está.
Porém as coisas mundanas não são tão simples: Há sempre quem come, e eventualmente quem é comido.
Muitas vezes a preocupação de um é personificada pelo sossego alheio. Sossego este, geralmente de quem hierarquicamente pode tê-lo.
Nestes casos específicos, quando sujeito encontra-se entre o instinto compulsivo homicida e o código penal brasileiro, aconselha-se procurar novas paragens.
O estresse, como grande agente causador de câncer e unha encravada, deve ser evitado ao máximo.
Afinal de contas, besteira é espirrar na farofa: Estresse é burrice mesmo.