terça-feira, setembro 18, 2007

E quem disse que era pra fazer sentido??














Que noite fria foi aquela...Já era alta madrugada, mas ele ainda estava longe de esmorecer.
Um ímpeto juvenil o tinha dominado por completo. Já havia transcendido à fome, ao frio e à penúria daquele lugar. Desde os tempos de infância, sempre gostou das histórias de Monteiro Lobato. Mas naquela noite, acabou abusando das reinações com seu narizinho...
Mas não havia mais como evitar: O pó de pirlimpimpim* lhe encantava, e eventuais reações adversas (como aquela) eram aceitáveis.
Porém mal sabia ele, que aquela era a noite da caça. Finalmente a banana comeria o macaco. A ordem natural das coisas havia sido sutilmente alterada, sem nenhum aviso prévio.
Alice, que havia chegado ao país das maravilhas muito depois dele, emprestou um pouco da malandragem de Boris, o camaleão, e preferiu ficar ali, mimeticamente camuflada ao ambiente, aguardando o momento certo.
Ele, que já conhecia bem aquele país (das maravilhas), continuava em seus devaneios apressados, e já perdia o temor cotidiano, coisa que raramente acontecia. Aquele momento se fez eternamente efêmero, e ao mesmo tempo, efemeramente eterno. Coisas do pó de Pirlimpimpim.
Ele já havia abandonado há algumas horas o dom divino do cavalheirismo, e já estava prestes a voar para o mundo mágico das borboletas. Eis que então, Alice o acerta num golpe certeiro, e ele desfalece pelo chão.
Medidas cabíveis são tomadas pelas autoridades, e a vítima é prontamente atendida. Quando acorda, já se encontra fora do país (das maravilhas) e sente que já não pode mais voar.Perguntou por Alice. Ninguém entendeu nada.
Ficou por isso mesmo.Assinou um termo circunstanciado, e o pó de pirlimpimpim ficou com o delegado, que por sua vez, passou a visitar o país das maravilhas toda semana. Só pra ver Alice.


*De acordo com o próprio Sr. Lobato, aconselha-se a consumir com moderação o pó de pirlimpimpim, guardado pelo rinoceronte Quindim e administrado pelo burro falante Conselheiro. Trata-se do pó mais mágico que as fadas inventaram, que deixa a pessoa leve como pluma, tonta, dá uma zoeira nos ouvidos e conduz ao País das Fábulas e ao Mundo das Maravilhas.